Corpo de pedreiro atropelado por subsecretário será sepultado em Niterói
Segundo a família, o subsecretário foi quem arcou com as despesas com o funeral. Após confirmada a morte cerebral do pedreiro, assessores do político procuraram os parentes da vítima. Os familiares agora esperam o rigor nas investigações.

Filho do pedreiro atropelado por subsecretário chora | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Bastante abalado, o filho do pedreiro lamentou a morte do pai, que acredita que poderia ter sido evitada. "Se meu pai tivesse sido levado para o hospital no momento que aconteceu, ele poderia estar vivo", disse Geovanne Evangelista Pereira. A família autorizou a doação dos órgãos de Ermínio, que morreu neste sábado.A vítima foi atropelada pelo subsecretário de Estado de Governo da Região Metropolitana, Alexandre Felipe Vieira Mendes, na quinta-feira a noite e estava internado no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, Zona Norte de Niterói.
O acidente
De acordo com testemunhas que não quiseram se identificar, por volta das 23h30 de quinta, o subsecretário teria saído de uma festa na casa de Marco Botelho, presidente da Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro (Fiperj), visivelmente alcoolizado. Alexandre Felipe integrou a Operação Lei Seca até fevereiro deste ano.

Alexandre Felipe foi ouvido pelo delegado da 81ª DP (Itaipu) Carlos Alexandre Leite Justiniano | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Ainda segundo testemunhas, Alexandre Felipe, que guiava um Mitsubishi Pajero de cor preta, atropelou uma mãe com os dois filhos e fugiu sem prestar socorro. Em seguida, depois de 300 metros, ele atingiu mais duas pessoas, na Rua São Sebastião, e depois bateu num poste. O governo disse em nota que "cabe ao subsecretário responder como todo cidadão comum". O governo disse ainda que lamenta profundamente o ocorrido.Um homem identificado apenas como Rodrigo, que seria funcionário de uma secretaria regional de Niterói, teria saído da festa, em um Honda Civic, pegado o Mitsubish do subsecretário e saído. Alexandre Felipe, por sua vez, deixou o local no Honda Civic. Rodrigo ainda teria tentado coagir bombeiros e policais militares a não divulgar o caso.
Feridos

O Pajero LUL 3663, de Alexandre, atropelou as cinco pessoas e só parou ao bater num poste, que ficou torto com o impacto | Foto: Agência O Dia
Uma das vítimas, Silvana Braga de Souza, de 30 anos, contou que saía da casa da cunhada com os filhos Felipe, de 5, e Gabriel Braga de Souza, de 2, e estava em um carrinho de bebê. Ao ser atingida pelo veículo, ela desmaiou e bateu com a cabeça no chão. "Quando acordei, achei que meu filho estava na ferragem. Só vi o mais velho. Escutei o Gabriel pedindo socorro gritando desesperado. Tirei força não sei da onde para ajudá-lo. Acho que foi amor de mãe", disse Silvana, que retirou a criança de dentro do carrinho, que ficou destruído com o impacto.Silvana chegou a ser levada para o hospital, mas foi liberada. Um jovem de 19 anos caminhava com mais quatro amigos e carregava sua bicicleta quando também foi atingido pelo carro desgovernado. O rapaz, que não quis se identificar por medo de represálias, apenas ralou a perna. "Ele não estava sóbrio. Ficava olhando para o céu sem falar coisa com coisa. Só dizia que estava errado".